OUTROS TRABALHOS
Cordel de Favela
Em 2020, Batuta começou a estudar, e a experimentar a poesia de cordel. Tendo como ponto de partida, uma disciplina de introdução ao cordel durante sua formação na ESLIPA (Escola Livre de Palhaços).
Mas o imaginário da poesia nordestina e a métrica na musicalidade de artistas como Chico César, Totonho, Marinês e tantos outros que são referência para o artista, já apontavam o rumo de interesse nas criações de seus trabalhos.
O projeto “Cordel de Favela” nasceu do desejo de manter a escrita e a experimentação ativas dentro do balaio de linguagens artísticas de Batuta.
Ilustrações: Fluxo Marginal
Pra se inteirar dos assunto
do mundo e da sua maloca
tem que olhar pro conjunto
não fique só nas intoca
se toque, nossa cultura
do Ceará é fartura
futuro não é Aldeota
Só idiota que pensa
que sabe tudo que acha
na caixa só vai vivendo
nunca pisou numa praça
pra sair do seu quadrado
não traga nem é tragado
pois sempre vive de baixa
Alô aldeia Aldeota
na porta sigo batendo
suporte pra quem se importa
e tá suportando os veneno
do nosso lado da ponte
nunca se esgota a fonte
e eu continuo bebendo
…
O sol banha a favela onde eu moro
O galo canta em algum terreiro
Acorda os fi de Deus num berreiro
De joelhos eu rezo e imploro
Que um dia eu ria porque hoje eu só choro
E ria também quem chora ao meu lado
Esses que muito só tem apanhado
E não perdem um dia se quer de labuta
Que provem um tanto do doce da fruta
Que há muito tempo eles têm semeado
…
Pular catraca pra mim nem é crime
Vá desculpando, seu dono do mundo
Não sei quem foi que aceitou esse regime
Que eu pago inteira e só ganho um resumo
Briga passageiro com passageiro
Enquanto o dono come dinheiro
Eu pago e ainda sou vagabundo
…
As minhas moedas tão se acabando
Tô moído de correr por miúdo
Não tenho nada, mas sonho com tudo
Na correria eu vou divagando
Atarentado mas vivo tentando
Levanto com tudo depois de uma queda
E mais uma vez tá acabando as moedas
Vejo que valho aquilo que não tenho
Olho pra mim e eu mesmo desdenho
"Sem um centavo e quer ser poeta"
…
Nada é mais perigoso
Cruel pra qualquer recinto
Nocivo pra qualquer povo
Vergonha pra todo instinto
Mais fêi do que qualquer guerra
Na face de toda Terra
Que um bilionário faminto
…
Na beira do precipício
Hospício da cabeceira
Ladeira onde tá meu vício
No lixo depois da feira
Eu teimo em ficar vivo
Veneno, quente, nocivo
Ardendo que nem fogueira
…
Um cosplay de favelado
Apareceu outro dia
Mas vejam só, quem diria?
Logo se fez de coitado
Falou, falou um bocado
Não parou um só momento
Chorou os seus sentimentos
E eu só pensava “tadinho”
Coitado desse bichinho
Triste num apartamento
…
Sou malabarista de sinal vermelho
Sou artista, palhaço de profissão
Tenho muito talento e pouco dinheiro
Mas tenho de sobra muita educação
Um dia passando o chapéu no sinal
Parou uma madame num carro legal
Eu disse “bom dia” ela disse “tem não”
…
Acho melhor tu já ir
Pode ir pegando o seu beco
Vaza! com todo esse medo
Que tu tentou construir
Mas ó, nem pense em fugir!
Que aqui ninguém te esqueceu
De tu, de quem te elegeu
E quem ainda hoje te apoia
Já vou deixando o meu “jóia”
E acima de tudo, adeus
…
Antes que seque, siga!
OUTROS TRABALHOS
Batuta é idealizador e realizador do Festival ARRUAÇA, que é um projeto de ocupação artística de espaços públicos da periferia de Fortaleza, através de uma programação cultural diversa e construída por espetáculos, shows e intervenções de rua.
Com três edições realizadas (2017, 2019 e 2023) o Festival apresentou ao público das periferias de Fortaleza um leque de artistas locais e de outras cidades do país, das mais variadas linguagens artísticas: Música, Teatro, Dança, Circo, Performance, Artes Visuais entre outras.
Com uma proposta de ocupação artística dos espaços públicos das periferias, o Festival ARRUAÇA busca democratizar o acesso à cultura e à arte local, promovendo a diversidade cultural da cidade e valorizando a produção artística das periferias.
Arruaceiros do mundo, uni-vos!
OUTROS TRABALHOS
Tutinha
dos Teclado
Tutinha é o alter ego de Batuta dentro do universo do forró e piseiro.
Lançou hits como “Teu Amor Não Vale Nada” e “Meu Dengo”, mas sua grande aposta é na inovadora “Trepadinha” que é a mistura do trap com a pisadinha, inventada pelo gênio desconhecido da música popular, TUTINHA DOS TECLADO.
Quem não vale nada segue!